Dr. Lino está fora da disputa, padre Amário de um lado e o PT de outro

Em nota, divulgada na noite desta sexta-feira (29), o até então pré-candidato a prefeito pelo PT de Santa Maria da Vitória, o médico Lino Santos, declarou que não poderá disputar as eleições deste ano e atribuiu o enfraquecimento da pré-candidatura à traição do Padre Amário, que segundo o próprio Lino motivou ele a entrar na disputa e depois descumpriu o acordo apoiando o vice-prefeito, Plínio Leite do PSD.

Nas palavras de Lino, o padre Amário foi o maior incentivador da entrada dele no processo eleitoral deste ano e agiu com crueldade quando decidiu pelo vice.  “O prefeito Amário Santana foi a Salvador propor que eu me candidatasse”, afirmou e concluiu: “no dia 15 de julho, o prefeito informou oficialmente ao PT municipal e estadual que não cumpriria o compromisso firmado anteriormente de apoiar a minha pré-candidatura e que iria apoiar o seu vice, Plínio Leite”, explicou.

O curioso dessa história toda é que após ir a Salvador convencer Dr. Lino a ser candidato, o Padre Amário não quis saber de diálogo com ele. Tanto é que a decisão de apoiar Plínio sequer foi comunicada pessoalmente. Nenhuma ligação, nenhuma conversa amistosa, não houve nem uma mensagem de SMS ou Whatsapp. Em outras situações, haveria um cuidado de explicar os motivos da decisão e uma preocupação política em buscar manter a unidade dentro do partido.

No meio político, as pessoas não questionam a decisão do prefeito de apoiar o vice. Até mesmo porque a escolha tem legitimidade por ter sido Plínio o companheiro dele nos últimos dois mandatos. No entanto, o fato de ter incentivado a candidatura do Dr. Lino e depois deixá-lo à deriva, a ver navios foi, no mínimo, crueldade e uma demonstração clara de falta de habilidade política para buscar um entendimento com o próprio partido.

Tanto é que assim que o nome do Lino foi anunciado como pré-candidato, fizemos uma entrevista em que ele afirmou categoricamente que contava com o apoio do padre. Confira aqui.

O fato é que Lino tentou convencer o pré-candidato Toinho de Yolanda do PSB a desistir da candidatura a prefeito para apoiar ele, mas sem sucesso ele buscou o apoio do PT para lançar a candidatura com vice sendo indicado pelo PCdoB. Nenhuma das tentativas lograram sucesso e o médico perdeu qualquer possibilidade de colocar a campanha nas ruas. A possível candidatura de Lino foi enterrada de vez quando o professor Valdeci (PT) aceitou ser o vice de Renatinho (PP) com a anuência do diretório estadual e municipal do Partido dos Trabalhadores.

Renatinho aguardava o apoio de Lino. Eles já tinham tido algumas conversas, mas pelo jeito não deu liga e o médico, que tinha até conseguido animar uma parcela do PT contrária ao governo do padre, resolveu não apoiar ninguém na campanha deste ano e tentar preservar o nome para uma possível candidatura no futuro.

No primeiro momento, Dr. Lino contou com o apoio do partido. Tanto é que o professor Valdeci retirou a pré-candidatura para apoiar ele. No entanto, depois que o padre declarou apoio ao vice, a possível continuidade no comando da prefeitura ficou inviável. A única chance de Lino emplacar a candidatura com chance de vitória seria com o apoio do prefeito e do vice. Qualquer divisão, como ocorreu, colocaria o PT numa situação complicada.

Fico a imaginar em qual palanque o governado Rui Costa e os deputados do PT estarão em Santa Maria durante a campanha? Ao lado do candidato apoiado pelo prefeito do PT ou com o vice na candidatura de Renatinho – que por sinal e o candidato do vice-governador João Leão (PP) e o representante do principal grupo de oposição na cidade.

Confira a nota do médico Lino Santos na integra

Prezados amigos, amigas, cidadãos e cidadãs santa-marienses, infelizmente, não serei candidato nessas eleições. Há muito tempo, eu havia manifestado a minha intenção em representar o projeto político em que acredito. 

Em fevereiro, eu estava em Salvador terminando a residência em pediatria e já aprovado em outra residência, quando o prefeito Amário Santana foi a Salvador propor que eu me candidatasse. Junto com ele, estavam Jucélia, César Cerqueira, Gervalino, o deputado federal Afonso Florence e o presidente estadual do PT, Everaldo.
Mesmo tendo que deixar de cursar a residência em que eu havia sido aprovado, resolvi aceitar a proposta. Na época, o professor Valdeci também era pré-candidato e resolveu tirar o seu nome para apoiar o meu. No dia 30 de abril, o meu nome foi aprovado em um encontro do PT.

A partir daí, fizemos reuniões com grupos de diversos segmentos procurando ouvir as opiniões e demandas específicas para construir um Plano de Governo Participativo, conversamos com lideranças e realizamos até o evento de lançamento da pré-candidatura.

No dia 15 de julho, o prefeito Amário Santana informou oficialmente ao PT municipal e estadual que não cumpriria o compromisso firmado anteriormente de apoiar a minha pré-candidatura e que iria apoiar o seu vice, Plínio Leite. Mesmo tendo feito várias tentativas de diálogo, inclusive com outros pré-candidatos, não consegui manter o meu nome na disputa. Insisti que deveríamos continuar, mas o diretório considerou que eu não teria força política para enfrentar o processo eleitoral e, então, aprovou a composição com o professor Valdeci como vice de Renatinho.

Mesmo não concordando em abortar a minha candidatura, respeito a decisão do diretório do meu partido. Em conversa com o grupo que acreditou e apoiou a minha candidatura, decidi que não apoiarei nenhum candidato.
Aprendi que o processo político tem muitas artimanhas, mas tenho a convicção de que não vou me render a isso!

Nós, que acreditamos e queremos uma sociedade diferente, não podemos nos limitar a agir apenas durante o período eleitoral. Política se faz todos os dias! E a decepção atual não diminui a minha vontade de fazer o melhor pela cidade em que nasci e onde está a minha gente!

Agradeço imensamente a todos que se dedicaram e se dedicam a esse projeto junto comigo! Ver tanta gente envolvida e empolgada, mostrando que voltou a ter esperança e ânimo com a política da nossa cidade não tem preço! E é assim que vamos continuar dialogando, debatendo, agindo e consolidando nossos projetos atuais e futuros! Muito obrigado a todos!

Dr. Lino em 29 de julho de 2016