Professores retornam greve para cobrar pagamentos atrasados

 Professores retornam greve para cobrar pagamentos atrasados

Os professores montaram uma tenda ao lado na prefeitura

Desta vez, os professores instalaram uma tenda ao lado da prefeitura para pressionar tanto o prefeito quanto os vereadores.

Os trabalhadores da Educação de Santa Maria da Vitória, que incluem os professores, merendeiros e porteiros decidiram entrar em greve pela terceira vez somente neste ano. “Nós só vamos voltar ao trabalho quando nossos direitos estiverem garantidos”, declarou a presidente do APLB Sindicato, Edina Ferreira.

As negociações com o prefeito Renato Leite não têm avançado. Os trabalhadores exigem o pagamento do salário de dezembro – não pago pelo ex-prefeito Padre Amário (PT) e o 13º de uma parte dos servidores também deixados sem pagar pelo ex-gestor. Além disso, a categoria cobra o retroativo do reajuste do piso nacional de janeiro, fevereiro e março de todos os professores.

O prefeito Renato Leite (PP) fez a correção salarial, mas pagou somente o mês de abril, deixando os três primeiros meses do ano sem pagar. O reajuste de 7,64% fez com que o piso de 40h passasse de R$ 2.135,34 para R$ 2.298,80,  um aumento de R$ 163,46.

Em nota divulgada por carro nas ruas da cidade, o Sindicato APLB informa que os trabalhadores resolveram retornar à greve por tempo indeterminado, a partir da terça-feira, dia 2 de maio. O comunicado destaca que o prefeito não honrou o compromisso feito de pagar os atrasados.

Sobre o corte de 50% no pagamento das férias de janeiro, a representante da categoria, Edina Ferreira, explicou que já foi ajuizada uma ação na Justiça para garantir o direito dos trabalhadores. “Durante as férias, o salário tem de ser igual ao que a gente recebia durante o ano anterior. Só que o prefeito pagou somente 20h e cortou o restante”, afirmou.

O que diz a prefeitura?

Renatinho explica que Padre Amário deixou uma dívida de quase R$ 5 milhões e somente R$ 2,6 milhões nas contas da prefeitura para pagar os salários de dezembro, o 13º salário e outras pendências. Mesmo faltando recurso para pagar a todos, o prefeito afirmou que não poderia usar o dinheiro deixado em caixa porque estaria descumprimento a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Para resolver o impasse, Renatinho fez uma consulta ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) para saber como deveria ser o posicionamento da nova gestão diante das dívidas. Em resposta, o TCM informou que a responsabilidade pelos atrasados é do município, ou seja, da atual gestão e que o pagamento deve ser feito de acordo com as condições financeiras atuais, podendo inclusive ser parcelado.

Resolvida essa questão, a história dos atrasados ganhou uma nova página. Segundo informações da Procuradoria do Município, os documentos entregues pela Comissão de Transição, no último dia 27 de março, revelaram um novo dilema. O ex-prefeito cancelou vários empenhos (compromisso de pagamento), que eram justamente destinados ao pagamento dos salários atrasados.

Agora, para resolver a questão, o prefeito precisa de autorização da Câmara de Vereadores para reativar os empenhos cancelados e montar uma programação de pagamento dos atrasados. A batata está agora nas mãos dos vereadores, que devem aprovar a alteração da Lei Orçamentária Anual.

Corte no salário de janeiro

Com relação aos cortes feitos na folha de janeiro, Renatinho explicou que o ex-gestor alterou a carga horária dos professores de 20h para 40h sem cumprir as exigências previstas em lei para o enquadramento. “Uma das razões da rejeição das contas do ex-prefeito foi justamente essas alterações indevidas. Eu não vou seguir esse caminho e cometer o mesmo erro”, afirmou Renatinho.

Para embasar os cortes, um dos primeiros atos da atual gestão foi cancelar todos os decretos que mudavam a carga horária dos professores de 20h para 40h. Sobre o direito dos professores, o gestor deixou claro que quem se sentir prejudicado deve buscar à Justiça. “Eu estou cortando as gratificações e esses enquadramentos indevidos. Mas, basta me apresentar uma decisão judicial determinando o pagamento dessas 20h a mais que eu vou pagar cada centavo”, ressaltou.

O jurídico da prefeitura formalizou uma nova consulta ao TCM sobre o corte feito nos salários de janeiro. Na avaliação da prefeitura, o ex-prefeito descumpriu a lei ao alterar a carga horária dos professores, que passaram para concurso de 20h e não podem passar para 40h, sem um novo certame e o devido processo administrativo cumprido.

“Eu não faço ninguém sorri para eu chorar depois. Pensa comigo, coloco todo mundo para sorrir agora e aí o tribunal rejeita minhas contas e eu, ainda, levo nome de ladrão”, frisou Renatinho.

O sindicato contesta

De acordo com Edina Ferreira, “sempre que faltar professor na rede municipal de ensino, quem passou no concurso para 20h pode assumir a vaga e receber as 40h. E tem mais, o municipio só pode contratar se o professor de 20h não quiser assumir a vacância. Isso está na lei”, afirmou.

Edina Ferreira explica que não há nada de errado na alteração. “A lei garante esse regime diferenciado. Quem começou a trabalhar 40h desde 2012, já tem direito a esse regime de 40h. Está no Plano de Carreira, na Lei 882/2012. O problema foi que padre Amário enquadrou pessoas que não tinham direito ao novo regime, mas isso não anula o direito dos professores que estão trabalhando corretamente ”, destacou.

É importante lembrar que mesmo sendo um problema enfrentado pela categoria, o corte de janeiro não está na pauta da greve. Isso porque, o sindicato aguarda decisão judicial de um mandado de segurança que ajuizou contra a prefeitura.

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