Tratamento da obesidade aprovado pela Anvisa: saiba os efeitos colaterais
A semaglutida é uma classe de medicamentos que imita a ação do hormônio GLP1, aprovado pela Anvisa para o emagrecimento.
Mais eficaz que outras terapias da mesma categoria, é uma droga sintética com a formulação semaglutida 2,4 mg, vendida sob as marcas comerciais Ozempic, Wegovy ou Rybelsus.
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), quando uma pessoa atinge um IMC (índice de massa corpórea) igual ou superior a 30kg/m², ela é considerada obesa. Atualmente, 19,8% da população brasileira é obesa.
A obesidade pode ser classificada em diferentes graus:
Obesidade grau 1 quando o IMC for entre 30 e 34,9 kg/m²;
Obesidade grau 2 IMC entre 35 e 39,9 kg/m²;
Obesidade grau 3 grave (mórbida)IMC ≥ 40 kg/m².
Como funciona a semaglutida
A semaglutida é um medicamento injetável, para ser aplicado até uma vez por semana, usado para o tratamento da diabetes. Mas com a recente aprovação da Anvisa, seu uso passou a ser autorizado para perda de peso.
A semaglutida ajuda a regular o apetite e o metabolismo. Quando esse hormônio é produzido pelo intestino, ele tem a função de indicar ao cérebro a sensação de saciedade.
Ela é usada para auxiliar no tratamento do diabetes tipo 2 e pode contribuir para inibir o apetite, que, consequentemente, colaborando na perda de peso.
Em estudos clínicos, ao longo de 68 semanas, observou-se uma perda de peso corporal média de 17% contra 2,4% do grupo que recebeu o placebo.
Apesar de altamente eficaz, o uso do medicamento também foi associado a alguns efeitos colaterais. Veja mais informações ao longo do artigo.
Principais estudos sobre os resultados
Nos estudos que foram realizados, a Semaglutida teve bons resultados quando combinada com dieta e exercícios físicos. Os testes mostraram que a medicação foi bem aceita e contribuiu para:
O controle do peso;
A perda de peso;
Manutenção do peso perdido;
Melhoria em eventos cardíacos;
Diminuição da pressão arterial sistólica.
A perda de peso ocorre por três ações conjuntas:
Supressão do apetite.
Aumento da saciedade;
Redução da ingestão de energia.
A semaglutida ao imitar o GLP-1, ajuda a regular o metabolismo da glicose e a equilibrar os níveis de açúcar no sangue. Quando administrado adequadamente, o hormônio auxilia na redução da taxa de açúcar no sangue e fornece energia para o corpo simultaneamente.
Os estudos apontam que a medicação também pode contribuir para reduzir a gordura corporal e aumentar a massa corporal magra.
Nota-se que a semaglutida é segura para uso quando administrada adequadamente e conforme as indicações do seu médico.
E o medicamento só foi autorizado pela Anvisa para o tratamento do emagrecimento após vários testes e validações farmacológicas.
Efeitos da semaglutida
A ação da semaglutida se dá como antagonista dos receptores do GLP-1, um hormônio naturalmente produzido no trato gastrointestinal. Ele tem como função elevar a secreção de insulina e inibir a glicose proveniente do fígado.
A regulação da glicemia e os efeitos nos impulsos de apetite são mediados por esses receptores do GLP-1, presentes tanto no pâncreas quanto no cérebro.
A semaglutida se destaca entre outras terapias injetáveis de sua categoria. Seu mecanismo de ação compreende a retardação da do esvaziamento gástrico.
Esse processo resulta em uma redução do peso por meio do déficit calórico, bem como na diminuição do apetite de modo geral e da vontade de consumir alimentos com alto teor de gordura.
Os receptores de GLP-1 também influenciam nos níveis de lipídios no sangue, na pressão sistólica arterial e na redução da inflamação.
A substância consegue se ligar à albumina, e por isso apresenta sua permanência no plasma sanguíneo por 1 semana, sendo necessário apenas uma aplicação nesse período
Para quem é indicado
Quando foi lançada no Brasil em 2017, a semaglutida era utilizada para o tratamento da diabetes tipo 2. Porém, seu uso off label, ou seja, de eficácia observada pela prática clínica, já era conhecido.
A semaglutida é, portanto, indicada para o tratamento de adultos com diabetes mellitus tipo 2, em conjunto com a dieta e exercícios físicos, sendo administrada como solução injetável.
E, no tratamento da obesidade, ela é indicada para quem tem dificuldades para perder peso a partir do tratamento dietético e prática de exercícios físicos, sendo complementar a outras frentes de ação.
Dessa forma, ela é prescrita quando o paciente precisa inibir o apetite, auxiliando a reduzir o retorno de peso e a compulsão alimentar.
A dose inicial é 0,25mg, após quatro semanas, a dose deve ser aumentada para 0,5mg, após quatro semanas, posterior a isso pode ser aumentada para 1.0mg.
A Semaglutida não é indicada para mulheres grávidas, ou com pessoas que possuem histórico familiar de carcinoma medular da tireoide, neoplasia endócrina, pancreatite, sendo ela aguda ou crônica, diabetes tipo 1.
Principais efeitos colaterais
Em um levantamento apresentado pela Revista Research, Society and Development, analisaram-se os efeitos colaterais da Semaglutida.
Essa análise tomou por base estudos randomizados, que compararam pacientes em tratamento com análogos de GLP-1 a grupos de pacientes em tratamento com placebo.
As reações adversas mais comuns são os efeitos gastrointestinais como:
Náuseas (83,33%%);
Vômitos (83,33%%);
Constipação intestinal (75%);
Diarreia (83,33%);
Dispepsia (41,66%);
Dores abdominais (41,66%).
Foram registrados, ainda, outros efeitos menos frequentes, tais quais:
Dores de cabeça (50%);
Hipoglicemia (25%) caso sejam associadas com uma sulfonilureia ou insulinas;
Nasofaringite (25%);
Dores nas costas (16,67%);
Reações alérgicas (16,67%);
Artralgia (8,33%);
Aumento na frequência cardíaca (8,33%).
O aumento gradual da dose semanal atua para amenizar os efeitos gastrointestinais. E, ainda, os efeitos tendem a atenuar ou desaparecer com o tempo de tratamento.
Os efeitos colaterais se concentram principalmente no trato gastrointestinal, pois os hormônios costumam atuar nos órgãos como pâncreas, estômago e intestino.
Infelizmente, ainda não há uma compreensão plena do mecanismo que leva aos sintomas como náuseas, vômitos, diarreia e prisão de ventre.
Alguns estudos também apontaram que a Semaglutida apresentou associação com o risco de doenças biliares como a colelitíase, devido ao aumento da formação de cálculos biliares.
No entanto, esses efeitos observados na vesícula foram associados à aplicação de altas doses do hormônio.
Outros estudos também apontaram que os medicamentos GLP-1, como a semaglutida, induziram inflamações pancreáticas, o que pode contribuir para o surgimento de câncer pancreático.
A semaglutida, recentemente liberada para uso, já é conhecida pela prática clínica off label por sua eficácia, comprovada por várias pesquisas no decorrer dos últimos anos.
Apesar disso, não pode ser usada indiscriminadamente e sem acompanhamento médico, pois pode gerar diversos efeitos adversos que demandam a vigilância constante dos especialistas.
Para que seu efeito possa ser sentido, o medicamento precisa ser associado a mudanças no estilo de vida, como acompanhamento nutricional, terapêutico e a prática de exercícios físicos para gasto calórico.