Obrigado por você ter voltado!

 Obrigado por você ter voltado!
Duas imagens separadas por 60 anos de histórias vividas para contar

Obrigado, sim, por Você ter voltado! E tem sido desse jeito pela sexagésima vez. Sempre, no primeiro segundo do vigésimo quarto dia do décimo mês do ano, Você aparece, dá bom dia, abraça-me, parabeniza-me e vai embora. Durante todo o dia, meus amigos, parentes, contagiados por Você, creio eu, repetem igual gesto: abraçam-me, parabenizam-me e vão embora. Obrigado, portanto, mais uma vez!

Você sabia, meu amigo, que todos os anos, nesta mesma data, 24 de outubro, eu o espero? Não diria, ansiosamente, mas com um misto de saudade, reflexividade e projetos para o futuro. Quando eu era mais jovem, apesar de Você voltar, o ano me parecia maior, demorava muito mais sua próxima vinda. Agora, mais maduro, o ano parece que ficou menor e Você chega cada vez mais cedo.

Recordo-me que, dia desses, Você fez a vigésima e a trigésima visitas. A quadragésima vez – puxa vida – parece que foi ontem, mas já transcorreram duas décadas. Vintei, trintei, quarentei, cinquentei e, por último, sexagenei! É, verdadeiramente, inacreditável a celeridade do tempo! Mal começa o ano, e o mês de outubro, que é o décimo, parece ser o primeiro. E aí Você vem, silente, toca a campainha da minha porta para avisar-me que chegou, e que já faz um segundo! Isso, é claro, me dá vontade de sorrir. E sorrio!

Esse onírico episódio me faz lembrar algo que li sobre Einstein, quando ele, já cansado de tanto explicar a Teoria da Relatividade aos cientistas e curiosos, resolveu ensinar o assunto a sua secretária, a fim de que ela mesma retransmitisse aos interessados. E assim falou: “Quando um homem está sentado ao lado de uma mulher bonita e atraente, se ele passar uma hora ao lado dela, parece que durou apenas um segundo. Se ele, entretanto, sentar um segundo numa chapa quente, parece que durou uma eternidade. É isto a Relatividade” – concluiu o inconteste gênio.

A traçar um paralelo, parece que é exatamente isso o que acontece, o que já foi dito. Quando estamos mais novos, o ano nos apresenta maior; e quando ficamos mais experientes, dá a impressão de que ele encolheu. Ainda ontem, quando aproximava a quinquagésima primeira vez, escrevi uma trova dizendo assim:

Vou fazer 51,
é “boa ideia”, afinal.
Meio século e mais 1
é meu novo numeral”.

E quando Você retornou pela quinquagésima segunda vez, escrevi até o poemeto “Meus 52”, com estes versos humorísticos:

Outubro, meu grande mês,
vou fazer cinquenta e dois,
muito de bom já me fez,
faz hoje e fará depois.

Galo “veio” há nos pés,
a coluna já desalinha,
sinto até algum revés…
No rosto, pés de galinha.

Tempo passa de mansinho,
eu nasci de célula-ovo,
quem não quer ficar velhinho,
meu amigo, morra novo.

Já não sou mais um menino
e você diz que eu pareço.
Grato sou pelo desatino,
eu só não sei se mereço.

E assim comemorei, quando Você retornou para me abraçar entre os 53 e 59 anos. E foi divino, gratificante, bem mais que maravilhoso!

Algo interessante, consequência dos outubros natalícios, é quando me dizem que me tornei um homem de meia-idade. Isso me deixa confuso, mas soa como um desejo de vida longa, pois matematicamente ainda falta meia-idade para eu ter uma idade inteira, completa. Logo, agradeço por desejar-me que avance ao centenário, visto só ter ainda a metade da idade, isto é, meia-idade.

Agora, que ultrapassei a dita meia-idade, que sexagenei, ou melhor dizendo, tornei-me idoso, amparado por estatuto específico, deixo minhas trovas comemorativas pelo singular momento:

Finalmente, a deixar as “brincadeirinhas” de lado. Obrigado, mais uma vez. Obrigado, por Você ter voltado. E que volte muitas e muitas vezes. É o meu desejo. É o meu pedido. Volte sempre! Estarei – com muita alegria – a lhe aguardar! Portanto, meu Eterno e Grande Amigo, repito: Obrigado, meu Deus, pelo Meu Aniversário, por presentear-me com tanta gente boa e momentos inolvidáveis!

Salvador (BA), 24 de outubro de 2017
00h00min01s

Leia mais

Chama no Zap